Sustentabilidade...
Invasão
da onde verde
Vinícolas
Chilenas agregam valores sustentáveis e mostram que o desenvolvimento não é
inimigo da natureza.
Em um ranking elaborado pela empresa de consultoria
Management & Excellence e 2006, o Chile já aparecia como o país mais
sustentável e ético da América Latina, alcançando a melhor colocação em grande
parte das categorias, que levaram em conta 50 indicadores. Em 2008, o Chile começou a trabalhar no Plano Estratégico
2020, que tem a ambiciosa meta de, até
2020, converter o pais no maior produtor do Novo Mundo agregando os valores
sustentáveis na produção de Vinho.
Dennis Murray, gerente de relações públicas da
Viña Montes, o Plano e todas as medidas que o permeiam, além de serem louvadas,
também deverão incrementar a popularidade dos vinhos chilenos. À medida que as
novas gerações se tornam mais conscientes com a necessidade de minimizar o uso
de recursos e manter o que temos agora para o futuro, pedirão produtos que
respeitem o meio ambiente. A certificação de Sustentabilidade vai abrir as
portas para o consumidor que busca manter o nosso planeta limpo.
Nesta mesma direção está caminhando o Grupe
Santa Rita. A gerente de assuntos corporativos e sustentabilidade de lá, Elena
Carretero, classifica a sustentabilidade como a convergência do ambiental,
social e econômico. Ela ajudará nossos vinhos, pois os requisitos
meio-ambientais e sociais estão se tornando imposições de nossos mercados.
O
PLANO
O Código de Sustentabilidade chileno estabelece
padrões e normas sustentáveis a serem seguidos em toda a cadeia produtiva de
vinho e fornece ferramentas para que as vinícolas meçam seu progresso na área.
Por isso, foram criados três grandes grupos: Área Verde, que abrange os
vinhedos, Área vermelha, que diz respeito às bodegas, e Área Laranja
responsável pela comunidade. Em cada uma das esferas, as vinícolas se utilizam
de ações sustentáveis para conseguir avançar no Plano. Diego Solari, subgerente
de marketing da Errázuriz (uma das melhores, se não a for vinícola chilena
atualmente, no meu conceito), explica que o código “permite quantificar e
qualificar as práticas sustentáveis e, logo, identificar os reais potenciais
que cada vinícola tem para desenvolver produções orgânicas, biodinâmicas, com
eficiência energética etc.....
Para participar do código, há dois níveis a
serem alcançados: o primeiro, em que as vinícolas entrem em contato com o
Manual de Sustentabilidade e se familiarizem com o tema, e o segundo, que é a
certificação propriamente dita, em que
traçam metas a implementar o Código de Sustentabilidade. Para que o
avanço seja continuo, esse segundo nível foi dividido em três etapas, todas
elas com exigências pré-determinadas de cumprimento das metas, que vão
aumentando sua superfície de abrangência a cada três anos e tornando real o
processo de melhoria.
PIONEIRA
Única vinícola chilena a receber o “Certificado
de Sustentabilidade Wine of Chile” em 100% dos vinhedos, a Viña Ventiquero tem
preocupações ambientais desde seu primeiro dia de existência. O processo de
certificação começou em 2008, quando foram implementadas as primeiras as
primeiras práticas sustentáveis dentro das diferentes fazendas de lá. Desde
então, outro projetos foram postos em prática, tanto na esfera ambiental quanto
na social.
O representante da vinícola no Brasil, Nicolas
Torres, explica que um dos valores da Ventisquero é a produção responsável,
tanto social quanto ambiental. “Conscientizar a equipe da relevância da
responsabilidade ambiental foi muito importante. Um fato que ajudou muito é que
a Ventisquero se caracteriza por ter uma equipe jovem e, portanto, já tem uma
sensibilidade sobre a importância do assunto”.
A vinícola se destaca por seu grandioso plano de
reciclagem, atualmente, reutiliza 80% dos resíduos sólidos, como plástico,
papel e vidro, e os resíduos líquidos são utilizados para irrigar os vinhedos.
Fora isso, 100% da água consumida é reutilizada na irrigação e suas garrafas já
são feitas 12% mais leves, para diminuir o peso da carga nos transportes. “É
preciso ter um compromisso real com o ecossistema. Querendo ou não, o vinho é
uma expressão da natureza, portanto, se eu mantiver as condições ecológicas
equilibradas, posse esperar também vinhos de maior identidade e expressão”.
CHILE SUSTENTÁVEL
Anakeda,
Arboleda, Caliterra, Casa Silva, Cremaschi Furlotti, Emiliana, Errázuriz,
Montes, MonteGras, Santa Cruz, Santa Ema, Santa Rita, Via Wines, Vestisquero,
entre outras (no total de 20), já foram condecoradas com o certificado em
alguns de seus vinhos. Em Santa Rita, por exemplo, os resultados dos projetos
energéticos estão se mostrando bastante satisfatórios. Os sistemas de uso
eficiente de energia, usados tanto na produção do vinho quanto na sustentação
da vinícola, conseguimos chegar ao montante de 80% de economia energética.
Outra vinícola que tem um plano de
desenvolvimento já bem avançado é a Errázuriz/Caliterra, cujo sistema de controle de pragas sem pesticidas químicos é um dos mais
elogiados. No lugar deles são usados “inimigos naturais”, insetos ou animais
que se alimentam dos agentes causadores de pestes e pragas, e especialmente
para controlar o ácaro Brevipalpus Chilensis, um dos mais nocivos encontrados.
Além disso, a Errázuriz emprega inseticidas biológicos e fertilizantes
naturais. Na Caliterra, uma ideia muito interessante para conservar a
biodiversidade dos vinhedos foi a plantação de corredores biológicos com
espécies de plantas exóticas, que cumprem a função de reservatório de inimigos
naturais em uma área de produção orgânica de 55 hectares.
Na Viña Emiliana, o trabalho é completo. Há
galinheiros móveis com as galinhas araucanas, que têm a mesma função de
“inimigo natural” de insetos que prejudicam o crescimento das videiras; viveiro
e bosque de plantas nativas; calendário biodinâmico, que programa os trabalhos
agrícolas de acordo com os ciclos do planeta; uso eficiente de energia,
especialmente por meio de painéis solares e de uso de biocombustíveis; sistema
de reciclagem e tratamento biológico de resíduos.
Além das prátics difundidas no mundo todo, como
reciclagem, economia de água e energia e uso de produtos naturais nos ciclos de
crescimentos das videiras, o Chile incorporou alguns avanços da indústria
vitivinícola, como a obtenção de energia por meio de biomassa. Os resíduos do
processo de vinificação, que geralmente são descartados, servem como matéria
orgânica que nutre pequenos módulos capazes de gerar energia necessária.
TRABALHO DE ANOS
Na Santa Rita, desde 2006, já foram gastos mais
de US$ 6 milhões em planejamento e desenvolvimento de projetos que incorporam
práticas verdes. As iniciativas abrangeram todos os campos da vinícola,
desde pesquisas genéticas para evitar a
propramação de vírus e pragas, e assim diminuir o uso de pesticidas , até a
criação de novas tecnologias para manter a temperatura ideal nas salas de
barricas e adegas. Um exemplo é o sistema de ventilação forçada que, durante a noite,
temperaturas estão mais baixas, injeta o ar frio de fora para dentro, para que
durante o dia o ar quente perca a força. O sistema permitiu que o consumo
energético fosse muito mais baixo, perto de zero.
Por falar nisso, o planejamento de programas e
ações ambientais no desenvolvimento sustentável é muito importante. Para que os
resultados obtidos realmente tenham impacto, é preciso muito trabalho. A Viña
Montes tem preocupações ambientais tais como a reciclagem, controle de consumo
de água e eletricidade, entre outros, e, mesmo assim, demorou três anos para
conseguir planejar e colher frutos do
trabalho. “Tudo isso levou a ser uma das primeiras vinícolas do Chile a obter a
certificação GRI (Global Report Initiative), que busca medir e diminuir, dentro do possível, a
quantidade de recursos usados ano a ano”.
Na Nativa Eco Wines, única vinícola chilena 100%
orgânica, o enólogo Felipe Ramirez diz que a conversão para uma vinícola
sustentável foi, mais que uma decisão, um processo, que é algo que não termina
nunca. “Cada dia surgem novas abordagens e desafios a serem superados.
Atualmente, os desafios ficam por conta das soluções para a produção de uvas
orgânicas e de revisão constante dos projetos, para que nenhum deles fique
defasado. Não se trata mais só de produzir orgânico, mas também de o que fazer com os descartes biológicos, como
trabalhar os encontros, assumir responsabilidade social.
RESULTADOS
Os resultados do desenvolvimento sustentável são
impressionantes. Dando o exemplo da Viña Santa Rita, de acordo com o reportes
da própria vinícola, ao diminuir o peso de sua s garrafas da linha Reserva em
cerca de 24%, são economizados mais de 1.400 toneladas de vidro por ano, isso
sem contar a influência na redução da pegada de carbono produzida no transporte
para outros mercados.
Na Viña Montes, a mudança de garrafas
tradicionais para as Ecoglass, que são 15% mais leves, eliminou a emissão de 44
toneladas de CO2. “Isso gerou um beneficio equivalente a plantar 500 coigües
(uma das mais importantes árvores nativas do Chile). Em 2010, a redução toral
de CO2 foi de 188 toneladas, equivalentes a 2.100 destas árvores”.
Se antes os preocupados com o meio ambiente eram
tidos como “ecochatos” e não eram levados a sério, hoje em dia o assunto é pauta constante e preocupação
geral, não apenas pelo “mundo” que vamos deixar nossos filhos e netos”, mas
também pelo de vida à natureza e pela qualidade e estilo de vida que queremos
ter. A sustentabilidade não é um favor que fazemos ao meio ambiente, e sim a
nós mesmos.
Beba com moderação, se beber não
dirija!!!!!!!!!!!!
Enoabraços.